terça-feira, 13 de abril de 2010

Pseudos-tudo.

Há tempos que não escrevo sobre pessoas. Não porque as menospreze, ou as odeie, mas simplesmente porque eles não me impressionam mais, nem pela suas crueldades, muito menos pelas suas improváveis bondades. Hoje me peguei pensando nos pseudo-tudo.

As vezes eles podem ser uns pseudo-cults: Pelo fato de terem assistido 8 e 1/2 Fellini e ouvirem Tchaikovsky, interagem com seu interlocutor como se fossem os detentores de toda a verdade das artes, e mais, agem como se, tendo um conhecimento avançado e específico das artes- o que é louvável- tivessem assim o conhecimento de todas as outras áreas tangentes ao conhecimento humano. Cometi um erro pertinente ao escrever este texto, proposital até: eles não interagem com o interlocutor porque são sempre intelectualmente superiores, mesmo não sendo. "Conversam" com um olhar distante e vazio, mesmo que estejam te encarando nos olhos, normalmente com o nariz empinado, gestos efusivos e tom de voz muito mais alto do que as outras pessoas que estão ao teu redor e num raio de 4 km de distância. O interlocutor passa, nessa situação, por um reles verme cuja opinião não deve ser considerada. E eu concordo com a posição do reles verme porque discutir com um pseudo-cult só faz com que o ego inflado do mesmo fique ainda maior. Quem ler este texto deve estar perguntando: mas porque PSEUDO- cult? E é fácil de explicar: O que predomina nessas pessoas, além da arrogância desenfreada e um certo pedantismo de atenção, é a intolerância, e intolerância, na visão dessa pessoa que aqui escreve é sinônimo de burrice. Logo, o que era pra ser culto, se tornou burro.
Penso que "cultura" , nesse caso, pode ser usado para fins muito mais úteis do que se auto-promover.

Concomitante a esse pensamento, surgiu um texto desses de internet que faz bastante sentido agora:

"Certa manhã o meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque.
Deteve-se subitamente numa clareira e perguntou-me:
- Além dos pássaros, ouves mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos e respondi:
Estou a ouvir o barulho de uma carroça.
- Isso mesmo, disse o meu pai, de uma carroça vazia.
Perguntei-lhe:
- Como sabe que está vazia, se ainda a não vimos?
- Ora, é fácil! Quanto mais vazia está a carroça, maior é o barulho que faz.
Cresci e hoje, já adulto, quando vejo uma pessoa a falar demais, aos gritos, tratando o próximo com absoluta falta de respeito, prepotente, interrompendo toda a gente, a querer demonstrar que só ele é dono da verdade, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai a dizer:
- Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz! "


(Obs: em breve escreverei mais sobre os ourtros pseudo-tudo, se eu me pegar pensando sobre)