segunda-feira, 1 de março de 2010




Sempre me interessei pela história dos olhos fixos.


Todos já passamos por momentos de distração. Não me refiro aqueles momentos de esquecimento da chave de casa, ou da porta da geladeira aberta ou ainda da chaleira chiando no fogão. Não, me refiro aqueles momentos únicos dos olhos fixos. Quando estamos olhando para uma pessoa, mas não estamos pensando nela; quando estamos apoiados na janela do ônibus, observando uma terça-feira cinzenta, mas nem sequer notamos que choveu; ou então quando estamos numa conversa, mas de repente tudo se silencia e nós adentramos pelos labirintos de nossas mentes por apenas alguns segundos. Resultado: olhos fixos.


Sempre me interessei pela história dos olhos fixos.


Se olharmos fixamente para o nada e deixarmos nossos pensamentos nos guiarem, nem notamos que ficamos alheios ao mundo por alguns segundos (ou alguns minutos, para os mais habilidosos). Porém, a partir do momento em que tomamos consciência dos nossos olhos fixos pro nada e refletimos acerca dos nossos olhos fixos já não teríamos mais os olhos fixos, pois os mesmos lacrimejariam e ficariam levemente doloridos (deve ser esse o nosso ônus pelo "milagre" da consciência!).


Ou seja:


Se não pensar não dói.


2 comentários:

  1. Onde quer que estejam, só desejo que meus olhos estejam fixos em você...
    Te amo!

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  2. Bah, adorei esse texto! Muito.
    Tá selecionado pro teu primeiro livro de contos e reflexões haha.

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